Semana de Arte Moderna de 1922
- Humanas Para Jovens
- 18 de fev. de 2023
- 4 min de leitura
Pintura Abaporu de Tarsila de Amaral
Vem entender como uma série de eventos e transformações culturais alteraram para sempre a cultura brasileira!
Subtópicos:
Contexto Histórico
De que forma a Semana foi organizada?
Valores, Características e Impactos
Influências na Contemporaneidade
Contexto Histórico
O Brasil do início do século XX vivia um momento de profundas transformações sociais. A Primeira Guerra Mundial havia chocado o mundo, o país se urbanizava e se industrializava e as oligarquias cafeeiras controlavam o cenário político da nação. Além disso, a Europa vivenciava o advento de diversos movimentos artísticos e intelectuais - as famosas vanguardas - que depois influenciariam os artistas canários. Vale lembrar também que milhares de imigrantes europeus e asiáticos chegavam aos portos de São Paulo e do Rio de Janeiro, tornando a cultura brasileira cada vez mais diversa.
Tomando como base esse contexto de diversas modificações, muitos intelectuais defendiam que ele não era propício para o desenvolvimento da arte acadêmica - eles não valorizavam a produção cultural nativa, do povo. O foco da arte brasileira da época estava voltado para o agrado das elites, para o conservadorismo. No entanto, alguns jovens artistas pensavam o contrário.
Por volta de 1910, surgiram os primeiros indícios de que se pensava em uma renovação artística. Textos de revistas e exposições de quadros que contrariavam o formalismo começaram a ganhar força nas cidades. Nessa perspectiva, com a iminência do centenário da independência (1822 - 1922), estudiosos como Oswald de Andrade passam a expressar interesse em transformar tal comemoração em um momento de emancipação artística. Não obstante, o evento só se concretiza quando recebe o apoio de Paulo Prado, cafeicultor e mecenas que consegue que outros barões também patrocinem o festival. Assim, o Teatro Municipal de São Paulo é alugado e o evento começa a ser divulgado.
De que forma a Semana foi organizada?
A Semana de 22 ocorreu entre os dias 13 e 17 de Fevereiro, incluindo tanto a exposição e publicação de cerca de 100 obras (como quadros, músicas, poemas e pinturas) quanto a realização de três sessões lítero-musicais noturnas. Nestas últimas, ocorriam palestras, declamação de poemas e apresentações musicais.
Observação: as datas do festival variam entre 13 a 17 e 11 a 18 de Fevereiro, de acordo com as diferentes fontes históricas
Valores, Características e Impactos
Durante a semana de 22, um dos fatores que veio a torná-la um grande marco das artes (principalmente da brasileira) foi a exposição de uma nova visão sobre os processos artísticos. A discussão sobre a essência de uma representação artística da nação surge com o intuito de criar uma maior valorização e explicitação de uma real identidade brasileira.
Uma das características principais das obras apresentadas naquela semana foram as críticas e o rompimento com o academicismo e, também, uma grande crítica ao modelo clássico/parnassiano. No entanto, ao invés de ignorar totalmente a influência internacional, os diversos artistas do “festival” decidem conciliá-la com os costumes e com a atmosfera única do Brasil. O uso da ironia, anti romantismo, subversão, multiplicidade estética, dentre outras diversas táticas de criação, expressou o desejo desses intelectuais por uma arte mais livre, crítica e reflexiva. Era isso que se queria passar ao público!
O grande evento em questão veio a ser um dos pontos de virada de direção do modo de pensar e confeccionar artes no Brasil, permitindo uma renovação no panorama ocidental. A semana foi uma das maiores instigadoras para o advento do movimento modernista brasileiro, afinal, ela apresentou à população uma nova cultura - uma cultura com os “novos” e verdadeiros valores dos brasileiros abordados em suas obras.
Alguns exemplos do quão diverso foi o evento e de artistas que expuseram e/ou compartilharam suas obras foram: Heitor Villa-Lobos [compositor], Victor Brecheret [escultor], Di Cavalcanti [pintor] e Mário de Andrade [escultor].
Não podemos deixar de citar que o movimento não foi recebido “com flores”. Diversos críticos postaram uma série de matérias acerca de como o evento era um “escândalo”, pois não concordavam com as diversas inovações e com a quebra das regras acadêmicas. Entre eles, destaca-se o famoso criador do Sítio do Pica-Pau Amarelo - Monteiro Lobato. Antes mesmo da semana de artes de 22, por exemplo, o mesmo já fazia diversas críticas à Anita Malfatti. Ademais, em um de seus textos conhecido como "Paranóia ou mistificação?” mostrava o seu descontentamento com a técnica de não representar a realidade como era ensinada pelas academias ou como era retratada no movimento clássico.
Curiosidade!
Mesmo sendo muito importante para o movimento modernista brasileiro, principalmente quando citamos a primeira fase dele e o movimento antropofágico, Tarsila do Amaral não participou da Semana de Artes de 22. Durante o tempo que o evento estava acontecendo a pintora estava em Paris, na França, estudando. Felizmente, não muito depois, ela retorna ao Brasil e se une à Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia e Mário de Andrade, formando, assim, o chamado “grupo dos cinco”. Esse, era formado por pintores e escritores que viriam a ser extremamente ligados à disseminação do modernismo pelo Brasil.
Influências na Contemporaneidade
Influenciados pela semana de arte moderna de 1922, surgem diversas revistas (como Klaxon, A Revista e Estética), manifestos (como o Antropofágico), movimentos literários, estilos musicais e coreográficos, dentre muitos outros elementos. Em resumo, pode-se dizer que a semana de arte moderna influencia o mundo artístico até os dias de hoje e foi um evento relevante para que os artistas contemporâneos fossem capazes de fazer arte “sem rédeas” os prendendo, de forma mais democrática. O movimento alterou o jeito de pensar em arte para muitos.
Curiosidade 2!
A manifestação do Romance de 30 (romances críticos, que demonstraram a dura realidade nacional) surge como uma das ramificações da semana. São exemplos de livros e escritores: “O Quinze”, de Rachel de Queiroz (sertão nordestino) e “Capitães da Areia”, de Jorge Amado (“os meninos abandonados”)
Fontes: Toda Matéria, Enciclopédia Itaú Cultural, Fundação Clóvis Salgado, Abril, UOL Educação
Por: Sofia Miranda e Rafael Garcia
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