Dia Mundial da Conscientização do Autismo
- Humanas Para Jovens
- 2 de abr. de 2023
- 2 min de leitura
Foto tirada por Jane Faria.
Você sabe sobre a história dos autistas no Brasil?
1 em 36. Essa é a prevalência de autismo em crianças de 8 anos indicada pelo novo estudo do CDC (Centro de Controle e prevenção de Doenças dos EUA) divulgado em março de 2023. Seria uma epidemia de autismo? Bem, a resposta é não.
O TEA (Transtorno do Espectro Autista) sempre existiu, mas, por muito tempo, não houve informação suficiente para que os diagnósticos fossem realizados corretamente. São muitos os autistas que receberam o diagnóstico apenas na idade adulta. Mas, então, onde estavam essas pessoas? Muitas vezes eram (e até hoje são) rotuladas como "estranhas", "antissociais", "tímidas", "esquisitas", etc. Mas e aqueles autistas que precisam de mais suporte? Aqueles que, muitas vezes, não são verbais e têm crises bem mais frequentes? Aqueles que não têm como fazer a "camuflagem" e se passar por neurotípicos? Onde eles estavam antes que o TEA começasse a ser mais estudado?
Os autistas, assim como vários outros neurodivergentes (esquizofrenia, borderline, transtorno bipolar, TOC, Síndrome de Down, etc) eram, muitas vezes, internados em manicômios. Na prática, esses locais funcionavam para isolar essas pessoas do resto da sociedade. Mas não só isso. São inúmeros os relatos das condições desumanas a que esses neurodivergentes eram submetidos.
Camisas de força, choques elétricos, fome, falta de saneamento básico, doenças… Essas instituições psiquiátricas se assemelhavam mais a um campo de concentração nazista do que a um hospital. Um caso que ganhou muita repercussão foi o do Hospital Colônia de Barbacena, onde cerca de 60 mil pessoas morreram. Um verdadeiro genocídio. Ainda assim, na época, essa instituição se tornou referência nacional.
Foi apenas em 2001, com a Reforma Psiquiátrica, que boa parte dos manicômios tiveram que fechar. Apesar disso, nenhum preconceito acaba de uma hora para outra, simplesmente com uma lei. Dos hospitais-prisão (também conhecidos como manicômios judiciários, bem parecidos com as instituições que existiam antes da Reforma Psiquiátrica) ao preconceito do cotidiano, os neurodivergentes ainda enfrentam muitas dificuldades (evitáveis) todos os dias. A luta antimanicomial ainda não acabou. A luta contra o capacitismo ainda não acabou. Não podemos ignorar nenhum tipo de preconceito.
Por: Marina Leite
Fontes: Centers for Disease Control and Prevention, Senado Federal, Aventuras na História, Globo, “Holocausto brasileiro” de Daniela Arbex, CartaCapital.
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